#25 CRIMSON DEATH – CAPITULO 33

Eu costumava achar que meu medo de voar era baseado no fato de que eu não conhecia o piloto. Havia sido testado para drogas recentemente? Ele estava bem descansado? Era de confiança? E sobre o avião? Era capaz de voar seguramente? A ultima equipe de manutenção que o avaliou era competente? Partes começariam a cair se sacudisse muito? Quero dizer, quão bem feito era esse avião? Mas eu conhecia o piloto de Jean-Claude. Eu sabia que ele estava livre de drogas, bem descansado, era de confiança, e tinha uma esposa e dois filhos esperando ele voltar pra casa, então ele queria viver tanto quanto qualquer um de nós. Eu sabia que o jato era bem construído e tinha manutenções regulares, porque Jean-Claude havia visto isto. Micah checava duas vezes desde que ele usava o avião mais que todos os outros. Eu confiava neles dois para nos valorizar o suficiente para ter certeza de que tudo estava funcionando. Eu tive que reconhecer que minha fobia não era baseada em nenhuma dessas coisas. Era devido a um voo comercial que tinha dado perigosamente errado, mas não caiu, desde então eu tinha odiado voar.

 Ok, desde então eu estava aterrorizada de voar, e eu odiava isso. O novo avião de Jean-Claude tinha capacidade para 15 pessoas e tinha até mesmo uma sessão com cortinas, para o caso de alguém precisar de privacidade, embora todos que eu estava voando tinham super-audição, a privacidade era meramente ilusória. Havia um mini-bar e comida a bordo. Se nós batêssemos nos Andes – não que estivéssemos indo a algum lugar remotamente próximos a isto neste voo, mas se o fizéssemos – não teríamos que recorrer a canibalismo por algumas semanas.

Os bancos eram confortáveis e giratórios de forma que estavam agrupados em duplas, mas os bancos viravam de frente uns para os outros, de forma que se podiam ter conversas em grupos de quatro, ou você podia virar e conversar com as pessoas atrás de você sem ter que entortar sua cabeça. Quero dizer, porque fazer tanto esforço, certo? Eu estive em um voo anos atrás que provavelmente foi vítima de um microburst[1], que você realmente não conseguia controlar de forma alguma. Você poderia estar com a manutenção em dia, com a melhor tripulação do mundo, e as microburst não se importavam, o que me levava pro início – como eu iria passar oito horas e meia em um avião sem começar a correr para cima e para baixo gritando no pequeno espaço?

Eu mandei uma mensagem para todas as pessoas a quem eu era metafisicamente conectada e que não estavam no avião: Escudos levantados. Eu comecei a fazer isso depois que Sin me pediu que sempre avisasse a eles quando eu fosse voar. Aparentemente ele havia estado no meio de suas aulas de direção quando eu surtei, e não tinha ido bem. Todas as fortes emoções são potencialmente compartilháveis, e eu realmente estava com medo de voar. Foi um momento programado e conhecível, quando minhas emoções estavam descontroladas, então eu avisei todo mundo. Obrigada tecnologia, fazendo as relações poliamorosas melhores desde que o iPhone havia sido inventado.

Nathaniel se sentou ao meu lado, segurando minha mão. Eu dei um aperto mortal no descanso de braço quando o avião como a taxiar para decolar. Eu estava seriamente lutando para controlar minha respiração, por causa do pânico, porque para ter um ataque completo de pânico você precisa perder o controle da sua respiração primeiro. Se eu controlasse a minha respiração, eu poderia controlar meus batimentos cardíacos, meu pulso, e me impedir de cair em histeria. Eu não havia realmente chorado em uma avião já há alguns anos, mas eu havia sangrado a perna de Micah através de um par de jeans uma vez quando ele havia sido meu companheiro de voo. Ao menos se eu sangrasse a mão de Nathaniel ele iria gostar; Micah nem tanto.

-Anita, olhe para mim.

Eu engoli em seco, ainda tentando impedir meu pulso de querer pular da minha garganta, e me virei para olhar para ele. Eu estava de repente encarando aqueles grandes olhos lavanda a apenas alguns centímetros. Eu estava de repente calma. Eu não tinha certeza de que era pelo fato de eu o amar, ou porque ele estava compartilhando sua própria calma comigo. Talvez fossem os dois?

-Nós iremos à Irlanda para pegar os caras maus, e então iremos ver a Irlanda juntos. – Ele apertou minha mão e eu percebi que ele estava empolgado com a viagem. Era um desses momentos em que eu sentia a diferença de idades, ou a diferença de experiência entre nós. Eu nunca o trouxe em uma investigação policial de propósito. Ele estava comigo quando os crimes aconteceram e nós estávamos de repente afundados na merda, mas eu nunca o levei deliberadamente para a toca do leão antes. Eu de repente me lembrei porque. Eu iria passar a maior parte da viagem olhando para cadáveres e caçando vampiros que apodrecem pela cidade. Era como se fossemos em duas viagens bem diferentes.

Nicky inclinou-se até nós por sobre os assentos e colocou sua grande mão sobre a minha. – Nós iremos cuidar disso Anita.

Eu olhei para ele e senti aquele senso de calma que ele normalmente me fazia sentir. Ele ficou seu cabelo no lugar, então aquela improvável queda da franja estava cobrindo seu olho novamente. Eu olhei para aquele único olho azul, e desejei ter uma mão livre para tocar aquela longa franja e deixa-lo saber o quanto eu valorizava que ele me deixasse vê-lo por inteiro.

O avião estava ganhando velocidade. Eu comecei a enrijecer mesmo com eles dois me tocando, mas Damien se inclinou e envolveu a mão de Nathaniel que estava segurando a minha então ele estava tocando nós dois e eu estava de repente calma. Eu olhei naqueles olhos verdes como grama e pisquei lentamente. Calma devido a algo sólido e certo. Eu senti o avião deixar o chão e aquela descarga de medo passou por mim, mas Damien chegou mais perto, e o verde de seus olhos pareceu preencher minha visão. Eu estva calma novamente, tão calme.

Eu podia sentir o avião subindo, mas isso parecia não importar. Eu iria ficar bem. Nós iriamos ficar bem. Estava tudo bem. Eu dei um piscada longa e tomei uma respiração profunda, depois soltei lentamente.

-Como você se sente? – Damian perguntou, em uma voz baixa e uniforme.

-Bem, ótima, – eu disse, e minha voz estava baixa e uniforme também.

 Ele sorriu para mim e eu sorri de volta.

  -Nós precisamos trazer ele em todas as nossas viagens para fora do país, – Dev disse do assento atrás de nós.

-Eu achei que você estivesse todo chateado por não ter pegado o assento dele, – Domino disse.

-Eu estava, – Dev disse, – mas eu não poderia ter acalmado Anita assim, então eu retiro isto. Damian pode ter o meu assento no avião se ele puder fazer isso todas as vezes.

Eu pisquei passando do cabelo vermelho de Damian para o loiro-branco de Dev, mas onde o de Damian passava de seus ombros, o de Dev mal tocava seus ombros, e esses ombros eram quase o dobro da largura dos do vampiro. Mephistoteles – nosso Devil como Asher o chamava – era um cara grande, e ele teria parecido maior se não estivesse sentado tão próximo a Nicky, que fez todo mundo no avião, exceto Giacomo parecerem menores. Dev provavelmente teria parecido maior também se ele não estivesse sentado ao lado de seu primo, Pride, que era quase tão largo nos ombros quanto o era no peitoral. Os olhos de Pride tinham anéis que conseguiam ser pálidos e brilhantes ao mesmo tempo. Os olhos de Dev eram azul pálido com um anel de marrom dourado em volta das pupilas então eram como se seus olhos fossem castanhos, isso se olhos azuis pudessem ser castanhos. A maioria das pessoas olhava aqueles belos olhos e era tudo que elas viam, mas se você sabia o que estava procurando saberia que eram olhos de tigre. Seus olhos eram assim desde o nascimento, porque todos os puro-sangue do clã tigre tinham os olhos de sua besta permanentemente em seus rostos humanos. Ambos os rostos eram bonitos ao nível modelo, Dev tinha uma mandíbula mais quadrada que a de Pride, mas todos do clão dourado eram maravilhosos, ou lindos, como se eles tivessem sido criados para serem altos, porte atléticos e bonitos. Os outros clãs tigres tinham pessoas que eram bonitas, mas não eram todos eles; claro que os dois maiores clãs tinham três ou quatro vezes mais membros que o clã dourado, então talvez era isso que acontecia quando sua piscina genética era muito rasa – todo mundo começava a se parecer. Você imagina que isso daria a eles deformidades ou fraquezas físicas, mas algumas vezes era como cruzar para criar os melhores cavalos de raça. Eles eram todos bonitos, atléticos, rápidos pra porra, e um pouco irritadiços. Isso definia o caso. Dev e Pride eram dois dos mais calmos e de bom-humor, o que era o porque de eles serem os únicos dois a estarem no dever de guarda regularmente perto de mim ou de Micah.

 Nós ainda não havíamos dito a Dev que Asher queria se desculpar com ele também. Não houve tempo, e agora não parecia ser a hora também. Eu estava me sentido mais calma do que jamais estive em um avião. Falar sobre Asher iria me chatear, e falar para Dev sobre achar provavelmente iria me irritar ainda mais, então foda-se. Eu iria manter essa estranha calma o máximo que pudesse. Haveria tempo para falar sobre o vampiro que havia quebrado o coração de Dev e depois dançado em cima dos pedaços depois, quando estivéssemos a salvo no chão. Apenas pensar tanto havia feito o medo borbulhar novamente.

Damian disse, – Anita.

Ele dizer meu nome me fez olhar para ele e naqueles impossíveis olhos verdes. O medo retrocedeu novamente como ondas voltando para o mar, e eu estava andando novamente na calma praia metafórica. Era melhor do que qualquer medicamento que eu já tivesse tomado.

Socrates perguntou, – Anita, como você se sente?

Isso me fez virar e olhar para ele sentado no corredor do outro lado de Damian. O cabelo recém cortado de Socrates era muito curto, de forma que as ondas de seu cabelo se foram completamente. Seu rosto parecia nu, tosado, o que teria roubado à maioria dos homens algo de sua beleza; eu era fã de cabelos longos, mas seu rosto não combinava com isso. Assim seus olhos marrons pareciam mais largos, e os planos escuros de seu rosto pareciam mais proeminentes, de modo que um rosto atraente se tornara bonito. O que significava que ele sempre foi bonito. Eu apenas não tinha notado.

-Anita, pode me ouvir? – ele perguntou.

Eu assenti. – Eu ouvi você.

-Ok, como você se sente?

– Eu me sinto… bem, ótima, embora toda vez que eu pense essa parte de mim que sabe que eu não deveria estar bem em um avião, me faz questionar, e eu percebo que não sou eu.

Magda falou do assento atrás dele. – Por favor a deixe sozinha e feliz Socrates. Anita está feliz o suficiente, não está?

Eu assenti.

-Ótimo. Eu vou deixar passar enquanto estamos no avião, mas eu tenho algumas questões para quando aterrissarmos.

-Quando aterrissarmos, – ela disse.

Socrates olhou de volta para ela. – Você está bem com isto?

-Você já voou com Anita alguma vez? – Dev perguntou.

-Não.

-Eu já, acredite, isto é bom.

Nathaniel disse, – Ela está bem Socrates. Eu prometo.

-Por favor, não me façam pensar muito sobre isto, – eu disse.

Socrates levantou sua mão como se dissesse Ok, e sentou de volta em sua cadeira. Domino estava sentado ao lado dele, me olhando com aqueles olhos vermelho e amarelo. Eles eram muito mais exóticos que os olhos dos tigres dourados, mesmo mais que os azuis castanho de Dev. O clã preto nunca poderia se passar por humanos com aqueles olhos.

Ethan, sentado logo atrás de Domino, me olhou com olhos cinzentos suaves. Eles eram olhos de tigre em um rosto humano também, mas a cor, como o clã dos tigres dourados, os ajudavam a se passar por humanos. Embora eu houvesse aprendido que eles se pareciam com olhos de tigre, todos os olhos dos tigres de clã que eles tinham desde o nascimento enxergavam mais como olhos humanos. Isso significava que eles não precisavam de óculos para ler, mas também não enxergavam longe da forma como Micah fazia com seus permanentes olhos de gato. Eles se pareciam com olhos de tigre, mas funcionavam mais como olhos humanos exóticos. Até Micah havia admitido que precisava de óculos, eu nunca havia perguntado ao clã tigre como isso funcionava. A menos que pergunte, você nunca sabe. O cabelo de Ethan era branco-loiro com luzes cinza, mas havia uma faixa de vermelho escuro que ia dos cachos na frente até a parte de trás da cabeça. Não era um talentoso trabalho de uma cabelereira, apenas a coloração natural. Ele parte tigre branco, o que o dava cabelo loiro-branco e a pele pálida, mas o tigre azul havia se misturado com o branco para deixar seu cabelo cinza, e a mecha vermelha era do seu tigre vermelho. O que não mostrava fisicamente era que ele também tinha tigre dourado dentro dele. Ele havia ganhado essa forma após me conhecer, mas ele sempre havia sido capaz de mudar para as outras três formas; agora ele tinha quatro. Se ele também fosse tigre negro ele seria uma junção de todos os eles. Sua mãe havia sido um tigre do clã vermelho, seu pai branco, mas de onde o azul e dourado haviam se esgueirado ninguém sabia. Ambos os pais eram supostamente tigres puros em seus clãs. Acho que não.

Ethan olhou para mim. – Anita, há algo que você queira?

Eu pisquei para ele, e disse, muito calmamente, – Um monte dos tigres de clã estão me empurrando a namorar mais seriamente com você porque você tem a maioria das linhagens.

A mão de Damian se apertou um pouco a minha e a de Nathaniel como se ele estivesse com medo de eu ter dito a coisa errada. Eu não havia planejado isso. A mão de Nicky permaneceu neutra em minha perna, como se ele soubesse melhor, ou não se importasse com os sentimentos de Ethan; poderia ser qualquer um dos dois com ele.

Ethan assentiu. – Eu me lembro; é uma forma de você não escolher entre os clãs e ainda se casar com a maioria deles. Minha herança mista que fez com que ninguém do clã vermelho quisesse se casar comigo de repente me fez valioso.

-Eu sei que o clã que o criou o tratava como lixo. – eu disse.

-Você me resgatou, – ele disse com um sorriso.

-Eu sinto muito que após resgatar você meu cartão de dança tenho estado tão lotado para o romance que você queria, mas eu vi Nilda dando um beijo de despedida em você no estacionamento. Eu não sabia que ela tinha esse tipo de felicidade nela. Eu realmente achei que ela era muito louca para namorar. Eu estou feliz que esteja errada e que vocês conseguiram se encontrar, – eu disse.

 Ethan me deu aquele sorriso que você tem quando você está apaixonado pela primeira vez. – Todos os antigos homens-ursos são um pouco loucos, mas Nilda apenas precisava de amor e um pouco de terapia.

   -Vocês foram para terapia de casal logo após começarem a namorar?

-Ela estava na lista para terapia obrigatória ou ela seria despedida da guarda. Isso a assustou o suficiente para ir, então eu disse a ela que iria junto se isso ajudasse, e isso se tornou em terapia de casal após um tempo.

Socrates sacudiu sua cabeça. –Você deveria querer muito estar com ela, ou você é uma pessoa melhor que eu. Quando minha esposa pediu for terapia, eu disse que não.

-Ela estava no estacionamento dando um beijo de despedida em você. Ela te perdoou?

-Não, ela me deixou. Eu achei que queria que ela me deixasse da primeira vez que eu virei um metamorfo. Eu achei que fosse um perigo para ela e nosso filho, e então o grupo de hienas em L.A. era extremamente violento. Não foi até vir para cá que eu percebia que tinha uma vida e um emprego que não iria coloca-los em perigo.

-Você tem sorte que ela tenha esperado até você ter voltar ao seu juízo, – Kaazim disse.

-Muita sorte, – Jake disse do assento ao lado dele.

-Ela não esperou por mim. Quero dizer, ela estava namorando. Na verdade, ela estava namorando sério com um cara quando eu pedi a ela para tentarmos novamente.

-Então você é duplamente sortudo, – Kaazim disse. Jake apenas assentiu.

-Eu sou. Você a viu: ela é bonita e poderia ter qualquer um que quisesse. Eu não a mereço depois de tudo que a fiz passar.

-Eu fico feliz que você se sinta seguro o suficiente para trazer ela e seu filho para St. Louis. – eu disse.

Socrates sorriu para mim. – Eu também.

-Quando o bebê nasce? – eu perguntei.

-Logo, e nós acabamos de descobrir que é uma garota.

Sons de comemoração foram feitos. Fortune chamou dos bancos no fundo onde ela e Echo estavam. – É maravilhoso se sentir seguro o suficiente para ter uma família. – Eu me lembrei do que Sin havia dito, sobre Fortune ter dito a Nathaniel que podia ser a mãe do bebê dele. Houve uma fagulha de inveja, o que não era uma emoção que eu sentia muito.

O ciúme foi direto para a raiva, que geralmente era o meu padrão para qualquer emoção negativa. A mão de Damian apertou, mas desta vez Nicky veio para mais perto, passando a mão pela minha coxa. Não era sexual, mais reconfortante, mas ele havia desprendido seu cinto para fazer isso, e de repente seu rosto estava quase perto o suficiente para beijar. Eu sabia que ele sentia minhas emoções, mas não meus pensamentos. O que ele pensava que tinha me deixado com inveja?

A paz começou a se desfazer com o conflito de emoções. E eu estava de repente ansiosa, e com medo e… Maldição, se eu me sentia dessa forma com Nathaniel tendo um bebê com outra pessoa, o que isso dizia sobre mim, sobre nós? Fortune era uma de nossas amantes. Isso estava bem, uma solução prática para todos, então por que eu não me sentia bem ou pratica dentro da minha cabeça e coração?

Nathaniel se inclinou e me beijou gentilmente na bochecha. Isso me fez virar e olhar para ele. Eu percebi que ele não pegava apenas minhas emoções, mas às vezes meus pensamentos também. Quanto ele havia pegado agora? Meu pulso estava de repente na minha garganta e meu peito estava um pouco apertado, mas não era por medo de estar no avião. Não, era pânico relacionado ao bebê e relacionamentos, não do tipo que eu tinha sempre. Eu sentei no banheiro e encarei o teste de gravidez e torci para ser negativo. Eu havia tido um falso negativo da primeira vez que tinha tido todas as minhas bestas interiores. Mas encarando os olhos de Nathaniel a centímetros de distancia, eu de repente percebi algo. Eu queria ter um bebê com ele e Micah. Não era possível com Micah – ele havia feito uma vasectomia anos antes de nos conhecermos – mas Nathaniel e eu podíamos. Eu apenas não sabia até aquele segundo que eu queria fazer isso. Merda, isso era uma péssima ideia.

  Nathaniel me deu um sorriso que iluminou todo seu rosto. Ele brilhava com felicidade, o que significa que ele sabia exatamente o que eu estava pensando e sentindo. Merda, merda, merda.

-Porque você acha que é uma ideia tão ruim? – Damian perguntou, e eu percebi que nós três estávamos muito conectados nesse momento para ele ser deixado de fora.

Nathaniel olhou para Dev com aquele rosto brilhante e feliz. – Anita quer ter um bebê comigo.

Dev deixou a surpresa mostrar em seu rosto. – Wow, isso… inesperado. Ótimo, mas… wow.

-Querer ter um bebê com alguém não quer dizer que você irá fazer isso. – Eu disse, um pouco desesperada.

 -Eu pensei que era assim que funcionava, – Fortune disse.

Eu estava de repente zangada com ela, porque sua boa vontade em ficar gravida havia me feito pensar demais sobre isso. Eu estava furiosa com ela nesse momento.

-Isso não é justo, Anita, – Nathaniel disse.

-Você realmente iria ficar grávido com outra pessoa?

-Eu quero ter um bebê com você, mas você me disse que isso nunca iria acontecer e eu quero uma criança.

-Você não tem nem 25 ainda. Porque a pressa? – eu perguntei.

-Isso não tem que ser agora, mas eu achei que você iria se sentir diferente se fosse uma mulher do nosso poli grupo.

-Eu também – eu disse.

Fortune disse, – Se isso é o que eu acho que é, é sobre Nathaniel e eu. Nós não estávamos seriamente falando sobre ele e eu, mas que eu poderia parar de usar anticoncepcionais e continuar tendo sexo com alguém. Como Harlequin nós não éramos permitidos a procriar, a menos que a Mãe nos escolhesse para isso, como Socrates, nós não nos sentíamos seguros o suficiente para me ter incapacitada carregando uma criança.

Echo pegou sua mão e disse, – Nós nos sentimos seguras o suficiente para vislumbrar isso, mas não é o filho de Nathaniel que queremos, mas nosso.

Eu assenti, – Eu entendo isso – realmente entendo – e você totalmente não merece minha raiva, mas apenas me atingiu agora que eu me sinto dessa forma. Quero dizer, você disse isso: incapacitante é como a gravidez é. Eu não serei capaz de fazer meu trabalho.

-Nem eu, com o decorrer da gravidez, – Fortune disse.

-Mas o bebê irá nascer e vocês duas podem voltar à condição de guerreiras, – Echo disse.

-Mas então nós teríamos um bebê que seria como o maior refém pra sempre, – eu disse.

-Pegar o bebê de Jean-Claude e Anita Blake seria suicídio, – Echo disse.

-É muito pouco provável que Jean-Claude seja o pai biológico. Ele tem mais de 600 anos. A maioria dos vampiros não é mais fértil após os 100, – eu disse.

-Legalmente você estará se casando apenas com Jean-Claude, então, aos olhos do mundo, o filho será dele, – ela disse.

Eu olhei de relance para Nathaniel, – Você está bem com isso?

Ele sorriu para mim. – Claro, o bebê chamaria a nós de Papai.

Eu disse, – Jean-Claude provavelmente seria o Père, – que quer dizer “Pai” em francês, e graças a canalizar ele eu até mesmo pronunciava corretamente, o que eu nunca poderia ter feito sozinha.

-Talvez nós teríamos diferentes nomenclaturas de “pai” para todos nós, – Nathaniel disse.

-O que você quer dizer como isso?

-Jean-Claude poderia ser Père, mas nós poderíamos usar Pai, Papai, Papa, Pa, todas as variantes de Papai.

-Você realmente pensou sobre isso, – eu disse, e não como se eu estivesse feliz com isso.

-Anita, eu tenho tentado pensar em todos os argumentos contra isso para que quando finalmente falássemos de verdade, eu estaria preparado. Eu nunca pensei que seria assim.

-Não importa quem é Pai, ou Papai, ou o que seja; a criança ainda teria uma placa ao redor do pescoço dizendo, Me sequestre e use contra meus pais, por favor.

-Echo já disse que seria suicídio, – Giacomo disse.

-Sim, mas as pessoas fazem coisas estúpidas o tempo inteiro.

-Anita, – Nicky disse.

Eu olhei para ele tão próximo de mim, senti o peso de sua mão em minhas coxas, a proximidade de toda aquela força muscular. – Para o seu bebê ser pego eles teriam de passar por mim primeiro.

-E eu, – Dev disse.

-E eu, – Pride disse.

O avião se encheu com o som de pessoas dizendo a mesma coisa.

-Sim, o bebê seria um refém se ele pudesse ser pego, – Echo disse, – mas a probabilidade de alguém, ou algum grupo, massacrar todos nós e pegar a criança é quase zero.

-E quando Echo diz isso, ela quis dizer apenas aqueles de nós no avião, – Jake disse. –Se você acrescentar o resto que ficou em casa, então, há poucas crianças no mundo mais bem protegidas que esta.

Eu balancei minha cabeça, com medo, mas não por estar no avião.

-Todas as crianças de pessoas poderosas estão propensas a risco. – Magda disse, – Mas poucas são tão bem protegidas quanto qualquer uma que possamos ter,

Eu olhei para ela – Nós?

-Eu não penso que queira ter uma, mas se Fortune conseguir com uma criança, eu creio que mais do Harlequin irão considerar isso.

-Não há nenhuma garantia de que eu sequer possa engravidar. Quer dizer, eu tenho mais de mil anos. Meu corpo aparenta ter trinta, mas eu vi tantos anos a mais que isso. Agora que eu tenho pessoas que podem me ajudar a não mudar de forma pelo tempo que irá levar para eu ficar grávida, que é que permite que os clãs procriem, e um local seguro, ainda pode ser impossível. – Fortune disse.

-Uma das melhores coisas sobre ter o tigre dos clãs vindo para Saint Louis é ajudar os outros grupos de animais a passar pela gravidez. – Nathaniel disse.

-Eu não acho que colocaria isso na categoria melhor coisas, -Eu disse.

-Mas iria. Isso fez tantas pessoas felizes.

Eu sorri para ele. – Nós dois queremos isso.

-Todos felizes, – ele disse.

Eu assenti, e não conseguia parar de sorrir ainda mais. então eu franzi.

-O que há de errado? – Nicky perguntou.

Eu olhei pela janela do avião. O céu ainda estava preto e cheio de estrelas, mas senti a pressão do amanhecer. Era da mesma forma que eu sentia quando estava nas profundezas do Circo, ou quando eu estava na escuridão de uma caverna onde eu sabia que se eu apenas conseguisse continuar lutando até o amanhecer os vampiros iriam colapsar onde estavam e eu podia apenas mata-los. Claro, agora eu sabia que se um vampiro fosse velho o suficiente, forte o suficiente, e o suficientemente profundo na terra eles poderiam não “morrer” ao amanhecer. Damian não era o único vampiro que eu conhecia que podia ser um caminhante-diurno. Se você lesse o livro original Dracula de bram Stoker, ele tinha Drac andando por aí durante o dia, apenas adicionando um par de óculos escuros, então o amanhecer não era uma garantia contra vampiros e não servia pra te proteger em nada contra os seus servos e aliados, mas o amanhecer ainda significava boas coisas para mim. Embora não o fosse para Giacomo e Echo. Damian não queimava mais no sol, mas a luz ainda o aterrorizava.

Damian disse, – Anita está sentindo o sol começar a se levantar.

Fortune e Magda começaram a fechar todas as cortinas sob as janelas. Ethan começou a ajudar. Desde que um dos meus problemas com voar era que acima do medo de voar vinha a minha claustrofobia, isso não me deixou feliz. Na verdade, eu pulso começou a acelerar, o início do pânico correndo pelas minhas veias.

-Olhe para mim Anita, – Damian disse.

Eu olhei em seus olhos verdes, mas eu não cai naquele lugar pacífico novamente. O medo continuou borbulhando através de mim. Minha respiração começou a ficar muito rápida. – Isso não está mais funcionando, – eu disse.

-Me desculpa. Eu estou com medo do amanhecer também.

-O amanhecer não o machuca, – Nathaniel disse.

-Mas este é um novo poder para mim, Nathaniel. Eu passei séculos aterrorizado pela luz; esse tipo de medo apenas não se vai assim.

-Você pode andar à luz do sol também. Isso deveria o deixar valente, – Giacomo disse.

Damian olhou para o outro vampiro. – Deveria, mas agora não o faz.

Ethan havia parado de fechar as janelas e olhou para mim. – Eu entendo Damian ficando com medo, mas você está com medo, realmente aterrorizada.

Eu assenti. – Eu não sei se consigo andar no avião com todas as janelas fechadas.

Giacomo disse, – Eu não posso viajar com elas abertas, nem a sua linda Echo. – Ele havia parado de fechar as janelas atrás de mim, então a única janela aberta era a minha. Eu estava inclinada na direção dela como uma flor antecipando o nascer do sol.

-Eu sei que nós temos que fechar elas. Eu estou apenas dizendo que minha claustrofobia está atacando, apenas isso.

-Nós podemos amarrar Giacomo, Damina, e eu nos assentos lá nos fundos do avião e você pode ter a sua janela aberta, – Echo disse.

Eu olhei para aquele delicado rosto triangular, aqueles olhos azuis que poderiam parecer tão leves quanto flores, um azul que era tão rico que era quase violeta. Eu desafivelei o cinto e todos os homens me soltaram para que eu pudesse me mover na ponta do assento e alcançá-la. Ela tocou a mão que eu oferecia. O avião vacilou ligeiramente no ar, e eu tive que engolir e apertar um pouco mais a mão pequena, quase tão pequena quanto a minha. Nathaniel me encarava com uma mão no quadril. Eu acariciei sua mão e então pus minha mão contra a bochecha pálida de Echo e beijei o pequeno arco da boca dela. Ela hesitou, e então envolveu seus braços em volta de mim e me beijou de volta. Eu pensei, como sempre pensava quando a beijava, quão pequena sua boca era; apenas Jade havia sido menor, mas devia ser a diferença a como elas reagiam ao beijo. Jade beijava como fazia a maior parte das coisas no quarto, timidamente, esperando por mim para assumir a liderança. Uma vez que eu deixava me intenção clara, Echo fundia seu corpo contra o meu e não precisava ser conduzida a lugar algum.

Nós nos afastamos do beijo quase ao mesmo tempo, então estávamos encarando os olhos uma da outra a centímetros de distância. Eu me perguntava se parecia tão assustada quanto ela. Eu estudei seu rosto e a sensação de estarmos segurando uma a outra, os braços ainda entrelaçados nas costas uma da outra. Em minhas botas de salto-alto eu era quase da mesma altura que ela, e eu gostava disso também. Eu tive o suficiente de altos em minha vida.

-Eu valorizo esse rosto mais do que eu quero a janela fechada, – eu disse.

Ela me deu aquele sorriso que parecia brilhar e conseguia encher seus olhos com prazer. Eu nunca tinha certeza se este era um sorriso genuíno ou um que ela iria agradar sem cometer muita emoção. Um monte dos vampiros antigos chegavam a um ponto onde eles tinham poucas expressões faciais naturais, porque emoções cruas haviam sido punidas para fora deles. Jean-Claude havia sido cauteloso ao meu redor no principio também. Eu queria algum dia obter um sorriso de Echo que eu pudesse ter certeza de que era verdadeiro.

-Nós estaríamos perfeitamente seguros nos fundos do avião, – ela disse.

Eu balancei minha cabeça. –Acidentes acontecem, então não vale a pena.

-Então, você não admira a minha beleza também, – Giacomo disse, e fez uma pose, inclinando o rosto para cima e para o lado para mostrar a cicatriz que cortava seu olho.

Eu sorri, como ele planejava que fizesse, e disse, – Você é amável, mas eu não estou dormindo com você, então eu não me importo tanto.

Ele olhou para mim e sorri, e novamente eu não soube se era o que ele realmente estava sentindo, ou a expressão que ele achava que eu esperava ver. Mas ele podia deixar suas emoções escondidas; eu me preocupava com as pessoas com quem eu estava tendo relações primeiro.

Fortune veio e envolveu os braços ao redor de nós duas, então isso se tornou um abraço grupal. Ela me beijou, e sua boca era maior que a de Echo, os lábios um pouco menos cheios, então quando meus olhos estavam fechados era mais como beijar um dos homens. Embora os peitos roçando contra os meus ombros me lembravam que ela de forma alguma era um dos caras.

-Eu sou o único tendo problemas em não fazer piadas sobre garotas com garotas aqui? – Dev perguntou.

-Não, – Nathaniel disse.

-Sim, – Pride disse.

-Eu aprecio a visão de três lindas mulheres juntas tanto quanto qualquer homem, mas o amanhecer está próximo, – Kaazim disse.

Fortune se virou para ele, ainda abraçando nós dois, e disse, – Você não é movido por nós três juntos. Eu honestamente não sei o que o move, –

Kaazim disse. -Servir meu rei e minha rainha com o melhor de minhas habilidades.

-Porra nenhuma, – eu disse.

Fortune riu para mim, então disse, – Eu concordo com Anita: porra nenhuma.

-Jake, não é isto o que me move?

O outro homem sorriu, mas era mais um mostrar de dentes, como se ele estivesse mais rosnando que sorrindo. – Eu acho que gostaria de ser deixado de fora da discussão.

-Você não me conhece após todo este tempo, velho amigo?

-Eu conheço seus desejos mais profundos, tanto quanto você conhece os meus, Kaazim, velho amigo.

-Tradução: Você não sabe, – eu disse.

Jake olhou para mim. – Não foi isso que eu disse.

Foi Damian quem tocou meu braço e me fez olhar para baixo para ele. – Eu sei que estaria perfeitamente seguro aqui, mesmo com a janela aberta, e eu posso não morrer ao amanhecer, mas, eu irei me mover para o fundo do avião com os outros vampiros, se estiver tudo bem.

Eu me inclinei e beijei ele. – Claro, sente onde você se sente seguro.

O piloto Jeff chamou pelo auto falante. – O nascer do sol está quase aqui. A cabine está segura?

-Nicky, feche a janela, – eu disse.

Ele se inclinou sobre Damian e acariciou meu quadril – tá, minha bunda – e fechou a janela. Eu juro que as luzes no avião diminuíram; eu sabia que não, mas apenas parecia mais escuro. Merda.

Echo beijou minha bochecha. – Obrigado Anita.

-Eu sou uma necromante grandinha. Eu posso fazer isso.

Ela sorriu e foi encontrar um acento para se afivelar, porque uma vez que o sol se levantasse ela iria cair como o cadáver que ela quase era; Giacomo se juntou a ela se movendo para a parte de trás do avião. Damian desafivelou e se levantou. Nathaniel o alcançou e deu um beijo nele, o que ele deu sem nenhuma hesitação. Qualquer que fosse a magia que Nathaniel estava fazendo no vampiro, ainda estava funcionando. Ele foi se juntar aos outros vampiros enquanto todos estavam rearranjando seus assentos onde havia pouca luminosidade, apenas para o caso.

Fortune me abraçou, apenas nós duas; Eu tive que olhar um pouco mais para cima para encontrar seus pálidos olhos azuis com seus cílios azuis quase brilhantes como o rímel mais legal de todos os tempos para moldar o azul dos olhos dela. Foram os olhos dela que fizeram pegar Sin e coloca-lo embaixo de luz brilhante para descobrir que seus cílios não eram pretos como eu imaginava, mas um incrível azul escuro. Era uma amostro muito pequena, mas até agora os tigres azuis todos tinham cílios que combinavam com o nome de seu clã. Os tigres dourados certamente não possuíam todos cílios dourados, ou mesmo sombrancelhas.

-Obrigado por tomar conta dela, – Fortune disse.

-Você supostamente deve tomar conta de seus amantes, não?

Ela olhou para mim com aquele rosto que parecia ter 25 e iria aparentar assim pra sempre, mas ela de repente pareceu tão cínica como se os anos que não apareciam em seu rosto ainda estivessem lá nas profundezas de seus olhos azuis.

-Sim, – ela disse, – deveria, mas um tremendo número de pessoas parece não saber disso. Obrigado por não ser um deles. – Ela beijou o topo da minha cabeça como se eu fosse uma criança, e então beijou minha boca como um amante. Ela me deixou para dar um beijo de adeus em Echo, antes que o nascer no sol roubassem seu mestre e amante. Nós tínhamos caixões embalados na barriga do avião para os vampiros que viajavam conosco, e eu sabia que Fortune e Magda ambas tinham sacos de dormir grande o suficiente para colocar seus mestres dentro e carrega-los se fosse necessário, mas isso era para pequenos períodos de tempo, ou se algo tivesse dado terrivelmente errado. Havia um terceiro saco de dormir na cabine para Damian, apenas para o caso de ele morrer ao amanhecer novamente. Se ele morresse nós o trataríamos como qualquer outro vampiro, embora nem eu e nem Nathaniel havíamos tido tempo para praticar carrega-lo assim. Damian não era um cara grande, mas ele era alto, então Nathaniel faria a parte de carregar provavelmente, porque ele era mais e mais largo que eu.

Eu tomei meu assento ao lado de Nathaniel novamente. Eu pude ver Magda checando o cinto do assento de Giacomo enquanto ele reclinava o assento de forma a ficar deitado. Ela não iria dar um beijo de adeus nele, porque eles não se beijavam, até onde eu sabia. Eles não eram amantes. Eles eram companheiros guerreiros, irmãos de batalha, parceiros da forma que policiais eram, talvez até melhores amigos, mas não havia nada romântico entre eles. Magda havia provado conosco que era bissexual, então eu não tinha certeza de porque eles não haviam acrescentado amigos de foda na lista deles, mas entre eles parecia ser estritamente um mútuo respeito e parceira em algum entre aquela que eu tinha com Edward e Sargento Zerbrowski, que era meu parceiro quando eu trabalhava com a RIPT em casa. Edward e eu estávamos quase sendo padrinhos um para o outro. Zerbrowski havia colocado Nathaniel e eu na pequena lista de pessoas que podiam pegar seus filhos na escola em caso de emergência. Nunca havia ocorrido a mim cruzar essa linha romanticamente com Zerbrowski. Edward e eu havíamos decidido há muito tempo atrás que nossa amizade significava muito mais para nós do que qualquer ganho que a amizade com benefícios poderia trazer. Você pode ser amigo de seus parceiros sexuais, mas você não pode ser melhor amigo, porque o sexo fica no caminho, e se você está tentando ter um relacionamento, isso quer dizer que amizade regular é quase impossível. Me disseram que há pessoas que conseguem os dois, mas eu nunca conheci ninguém assim. Talvez Magda e Giacomo tenham feito o mesmo calculo que eu sobre relacionamento também. Ou talvez eu não os entenda bem o suficiente para chutar ainda.

Eu assisti os dois moitié bêtes[2] colocarem seus mestres de forma muito diferentes. Damian afivelou-se e começou a baixar o encosto. Eu acho que se ele morresse ao amanhecer, seria menos perturbador assim do que vê-lo cair estando sentado ao amanhecer. Fortune e Echo eram o principal uma para a outra, mas Magda não parecia ter um amante sério além de nós, e nenhum de nós estava muito sério com ela. Ela queria estar sério com alguém?

Nathaniel se levantou para ver se Damian queria que ele segurasse a mão dele da forma que Fortune estava fazendo por Echo. Eu me lembro de Jean-Claude anos atrás me pedindo para estar com ele ao amanhecer. Assistir ele “morrer” enquanto o sol se levantava do lado de fora do hotel havia sido minha primeira confirmação de que vampiros realmente morriam ao amanhecer. Eu ouvi sua respiração rarear e senti sua energia mudar de vivo para não vivo. Eu sabia através dos boletins médicos que a atividade cerebral de um vampiro não parava como uma verdadeira morte e na verdade nem ficava tão devagar como a da maioria dos pacientes em coma, mas quando você está apenas vendo isso acontecer sem monitores para lhe dizer diferente, parecia o mesmo que qualquer um morrendo na sua frente. Eu havia visto pessoas morrendo de verdade, e parecia que os vampiros morriam ao amanhecer. Tudo parecia basicamente a mesma coisa.

Nathaniel voltou para seu assento. –Damian está com medo de que se ele segurar minha mão ele não iria morrer ao amanhecer.

-Porque ele iria querer morrer ao amanhecer? – Socrattes perguntou de seu assento.

-Quando ele dorme como uma pessoa normal ele tem pesadelos. – eu disse.

-Eu consigo entender querer evitar isso, – ele disse.

Eu senti o sol nascer do outro lado das janelas fechadas, e eu senti Damian morrer. Nathaniel segurou minha mão apertado. Ele sentiu isso também. Eu ouvi a cortina se fechar atrás de nós e não culpei quem quer que tenha feito isso, porque uma janela não estava perfeitamente fechada, e havia uma fina linha de luz que entrava dentro do avião. Domino estava mais perto e tentou fechar a ultima fresta. –Não encaixa na janela, não irá fechar mais.

Nós pegamos guardanapos do bar e usamos eles para preencher a fresta. – Uma boa coisa que nenhum dos vampiros permaneceu aqui. – ele disse.

Nós todos concordamos. – Alguém faça uma anotação para pedir que esta janela seja reparada. Cortinas blackout não são um luxo para nós.

-Feito, – Nicky disse, e ele estava fazendo uma anotação em seu smartphone.

  Nós todos nos sentamos de volta em nossos assentos, embora Dev havia se movido para sentar em frente onde Damian havia estado. Quase não havia espaço suficiente para os ombros dele perto de Nicky, mesmo com os assentos giratórios confortáveis.  Eu não tinha certeza se eles conseguiriam se sentar próximos um ao outro em assentos de voos regulares.

 -O que vocês garotos fazem em voos comerciais? Quero dizer, como vocês cabem em seus assentos?

Eles olharam um para o outro e então Nicky respondeu, – Eu viajo na primeira classe.

Dev sorriu. – Não serve.

Eu sorri de volta. Eu não podia ajudar. – Ok, fiz uma pergunta idiota.

Nathaniel passou o braço em volta de mim e disse, – Nós deveríamos dizer a Dev sobre Asher.

O rosto se desfez no rosto de Dev. – Eu não preciso saber nada sobre isso.

-Isso, na verdade, você irá querer saber. – eu disse.

Nós dissemos a ele, e Nicky, e a qualquer um no avião que quisesse ouvir. Aqui não era grande o suficiente para manter segredos, especialmente não quando as pessoas em questão tinha super-audição. Era como tentar manter segredos em volta do Super Homem: apenas não iria acontecer.

Dev estava franzindo a testa e esfregando as têmporas quando terminamos.

-Sinto muito, – eu disse.

  Ele abriu os olhos e olhou para mim. – Você não quebrou meu coração. Porque está se desculpando?

-Eu acho que sinto muito por Asher ser tão merda.

-Ele foi um merda com você também.

-Mas eu não queria casar com ele, então não partiu meu coração tanto, – eu disse.

Dev sorriu, mais envergonhado que feliz. – É, bem, eu não tenho 25 ainda, eu tenho o direito de fazer escolhas estúpidas.

-Ao menos ele não disse sim, – Nicky disse.

Dev olhou para ele e este não era um olhar amigável. – Eu queria que ele dissesse sim, ou não teria pedido.

-Se ele tivesse dito sim, você ainda estaria fodendo apenas Asher e ninguém mais, – eu disse.

-Primo, – Pride disse, se inclinando entre as cadeiras de Dev e Nicky, – Asher é uma das pessoas mais egoístas que eu já conheci. Eu não sei como você namorou ele por tanto tempo.

-Ele é o homem mais lindo que eu já conheci. – Dev disse.

-Nenhuma beleza compensa ser um bastardo tão egoísta.

-O sexo era maravilhoso.

 Pride assentiu, fazendo um gesto de empurrar para longe. – Todos nós permanecemos o máximo que podíamos com os loucos por causa do sexo.

-Eu odeio a ideia de que apenas os loucos são ótimos na cama, porque não é verdade, – eu disse.

Eles olharam para mim.

-O quê? Eu estou tendo um maravilhoso sexo, e não estou saindo com nenhum louco.

Eles olharam um para o outro agora, e então Nicky disse, – Anita, eu sou um sociopata que tentou te matar e quase todos que você amava da primeira vez que nos encontramos. Como isto não faz de mim o namorado mais louco do mundo?

-Ok, eu vou te dar esse ponto, – eu disse, sorrindo e acariciando seu joelho.

Nathaniel disse, – Eu fui o namorado mais louco por anos, mas eu fui para a terapia e trabalhei meus problemas.

-Mas você ainda faz sexo como se fosse o namorado louco, – Dev disse, se inclinando e beijando Nathaniel. Ele se afastou do beijo, seu cabelo brincando com a ponta da trança de Nathaniel.

Nathaniel passou a mão pela coxa do outro homem quando disse: – Você fode muito bem para não ser o louco.

Isso fez Dev rir e se inclinou para outro beijo. Este ultimo durou um pouco mais, e eu assisti meio que fascinada. Eu estava com eles juntos mais de uma vez e sabia que eles estavam fazendo mais apenas os dois, mas isso só os tornava melhor juntos e eu estava bem com isso.

Dev se afastou e disse, – Eu sou tão café com leite comparado a você.

-Todo mundo é café com leite comparado a Nathaniel, – Pride disse.

Nós todos assentimentos. Ethan falou do outro lado do corredor. –Ninguém mais dos sentados aí com você.

-O que você quis dizer? – Pride perguntou.

-É uma das razões porque Anita e eu não funcionamos como amantes regulares. Eu sou café com leite, e ela não é, e ela não é atraída por caras héteros café com leite.

-Eu não vou me desculpar pelo que eu gosto. – eu disse.

-Eu não estou pedindo que você o faça, mas eu estou tentando explicar a Pride que ele não é o único não café com leite aqui.

-Eu também, – Domino disse, – Eu sou muito café com leite para ser parte do harém da Anita. Eu irei fazer sexo em grupo se houverem mulheres o suficiente envolvidas, mas além disse, eu não tenho a mesma orientação que o resto dos homens de Anita tem.

-Eu pensei que Nathaniel fosse o único… eu não quero ser desrespeitoso, – Pride disse.

-Eu sou aquele que mais gosta de dor na vida de Anita, isso é o que você quis dizer.

Pride olhou aliviado. – Sim, isso que eu quis dizer.

-Nathaniel não é o único entre nós que gosta de dor; ele apenas vai mais fundo que o resto de nós, – eu disse.

-Eu acho que considero Dev café com leite, exceto por ser bissexual, – Pride disse.

-Eu faço sexo em grupo, e você sabe que eu sou um exibicionista, – Dev disse.

-Eu acho que estou apenas contando bondage como não café com leite.

-Me desculpe Pride, mas sexo café com leite é mais estreito que apenas não fazer bondage. – eu disse.

Dev disse, – A primeira vez que estive com Asher foi com Nathaniel, Micah e Anita. Um sexo a quatro não conta como café com leite.

-Ok, eu acho que tenho a definição errada de café com leite, e se você fosse tão afim de bondage quanto a Anita, ou Nathaniel, eu entendo porque você sente falta de Asher. Aparentemente, ele é um dominador talentoso, mas você e ele nunca fizeram a coisa dominante-submisso juntos.

-Não. – Todos os sorrisos se foram do rosto de Dev agora. Ele sentou de volta em seu assento, tentando não tocar ninguém.

-Se você não gosta de dor, então um vampiro não pode fazer um oral tão bem, por causa das presas, então, o sexo era assim tão bom, ou era apenas pela coisa de estar-apaixonado-por-ele? – Pride perguntou.

-Ele é realmente bom no sexo. Anita pode me apoiar nessa, – Dev disse.

Ele olhou para mim, mesmo Pride.

-Sim, ele é bom de cama, mas ele não é melhor que Jean-Claude, ou Nathaniel, e você está dormindo com eles dois.

-Você está podendo foder mulheres novamente, e só isso já vale a pena se livrar de Asher. – Nicky me disse.

  -Eu amo mulheres, mas eu estava disposto a abrir mãos delas por ele, – Dev disse.

-Eu não entendo como você concordou em abrir mão das mulheres. – Pride disse.

-Você não gosta de homens de forma alguma primo. Claro que você não iria entender isso. Eu vejo isso da mesma forma que virar monogâmico por causa do casamento.

-Mas a maioria das pessoas monogâmicas está interessado apenas no sexo daqueles pelo que casaram, então eles desistem de todos os outros, mas se eles gostam de homens, eles vão estar dormindo com um homem toda noite, e o mesmo se ele ama mulheres. Você concordou em desistir de metade da raça humana que você gosta de ter sexo, e Asher ainda estava tendo sexo com Anita, então apenas você abriu mão das mulheres. Era totalmente um merda da parte dele te pedir para fazer isso, – Dev disse.

-Eu não havia percebido que você desgostava tanto assim dele. – Dev disse.

-Ele tratava meu primo como merda. Ele machucou meus amigos. Ele machucou pessoas que eu supostamente deveria estar protegendo. Porque eu não iria desgostar dele?

-Porque você não iria odiá-lo? – Nicky perguntou.

-Ele não merece esse tanto de emoção, – Pride disse.

-Se você gostasse de homens, você entenderia.

-Não, Dev, eu não iria. Eu não tenho exs malucos.  Eu não faço o cara ou garota má. Eu gosto de bons, gentis, e o sexo pode ser tão quente quanto.

-Como você sabe que sexo de garotas boas é tão bom quanto sexo de garotas más, se você nunca teve sexo com garotas más? – Nicky perguntou.

Pride abriu sua boca para dizer algo, então a fechou, pareceu intrigado, e finalmente gargalhou. – Ok, ok, eu acho que não saberia, mas eu tenho ótimo sexo, e ela não é louca.

-Com quem você está tendo sexo? – Dev perguntou.

Pride balançou a cabeça. – Não é da sua conta.

-Ei, foi você trouxe à tona.

-Eu não trouxe nada à tona. Na verdade, me desculpe se eu disse algo.

-Você está namorando alguém e eu não sei nada sobre isso? – Dev perguntou.

-Nós não temos mais oito, Dev. Nós todos temos segredos de adultos.

-Se Pride está namorando alguém, então ninguém sabe sobre isso, – Nicky disse.

Eu balancei minha cabeça. – É novidade pra mim.

-Quem é? – Nicky perguntou.

-Porque você se importa? – ele perguntou?

Nicky sorriu. – Porque você quer manter em segredo.

-É o tipo de razão do Dev, – Pride disse.

-Na verdade, eu estou com Nicky nessa, porque eu estou revendo toda interação com qualquer mulher que você tenha tido, tentando descobrir quem é, – eu disse.

-E porque você quer manter em segredo, – Dev disse.

-Casada? – Nicky perguntou.

-Não, eu nunca ajudaria ninguém a trair seus votos.

-Então, se ela não é casada, porque o misterioso segredo? – eu perguntei.

Ele balançou sua cabeça. – Não, eu parei, porque se eu continuar respondendo às perguntas vocês podem descobrir e ela ficaria puta comigo. Eu não vou estragar isso.

Eu estreitei meus olhos para ele como se estivesse tentando focar. Isso estava me incomodando porque a maioria dos metamorfos eram incrivelmente abertos sobre sexo e relacionamentos com outras pessoas, era considerado parte da comunidade deles. Eles apenas não tinham esse tabu entre eles que existia entre alguns humanos.

-Ela é humana, como uma humana mundana? – eu perguntei.

Ele balançou sua cabeça. – Não, eu parei de falar sobre isso. Ela muito importante para estragar tudo porque estamos presos em um avião e não temos nada melhor pra fazer do que conversar.

O avião balançou no ar, como se ele tivesse ouvido falarem dele. Eu agarrei o descanso de braço e a mãe de Nathaniel. – Falar sobre algo seria bom, – eu disse, minha voz um pouco estrangulada.

-Me desculpe Anita, mas, eu não irei destruir meu relacionamento para distrair você enquanto está enfrentando seus medos.

Dev olhou para o primo. – Você está serio com esta, seja lá quem for.

Pride assentiu.

Ele encarou o outro homem e finalmente apertou seu ombro, de forma que Pride olhou para ele. – Você casaria com ela?

Pride balançou sua cabeça, então disse, – Quero dizer, sim, se ela me quisesse, mas neste momento, ela não quer casar com ninguém.

-Porque quanto tempo você está disposto a esperar? – eu perguntei, porque me meter nos assuntos de Pride era melhor do que me preocupar sobre como a aerodinâmica funcionava.

-O quanto precisar, – ele disse.

-Dependendo do que, ou quem ela é, isso pode ser realmente um longo tempo, – eu disse.

-Ela vale a pena.

-Wow, – Dev disse, – Eu não tinha ouvido você tão serio assim desde que tínhamos treze, e você estava apaixonado pela garota da casa ao lado.

-Eu tinha treze, e você e sua irmã, ambos partiram meu coração com a garota da casa ao lado.

-Nós brincamos de ‘me mostre o seu e eu mostro o meu’ com ela. Você poderia ter vindo e brincado conosco.

-Eu estava tão sério quanto um garoto de 13 anos poderia estar sobre ela. Eu não queria brincar com ela. Eu queria professar meu verdadeiro primeiro amor. – Pride riu para si mesmo, eu acho.

-Ela era muito safada para você, Pride.

Pride olhou para o outro homem. – Como você sabe?

Dev sorriu. – Angel foi para a mesma faculdade que ela.

-Eu quero saber?

Dev sorriu mais amplamente. – Provavelmente não.

Pride sacudiu a cabeça e rolou os olhos. – Eu irei manter minhas ilusões sobre minha primeira paixonite, obrigado.

-Se Angel decidir trazer ela para casa para uma visita, eu irei te avisar primeiro.

-Espere. O quê? – Pride perguntou.

-Nós teremos a chance de conhecer a garotinha que vocês brincaram de casinha primeiro? – eu perguntei.

Dev sorriu para mim. – Angel e ela mantiveram contato depois da faculdade. Ambas são bi, então elas conseguiram um lugar juntamente com alguns outros recém-graduados tentando sobreviver na cidade grande.

-Nós não trazemos colegas de quarto pra casa, – Pride disse.

-Quando Angel veio pra casa desta ultima vez, ela disse que estavam namorando e o tem feito desde praticamente esse tempo todo que ela esteve por conta própria. Ela está realmente chateada que tenha sido chamada para o seio da família após ter conseguido ser bem sucedida fora do clã.

-É por isso que ela está tão emburrada o tempo todo? – eu perguntei.

-Em parte, mas ela sempre foi a menos amigável dentre nós dois. Ela culpa ter sido nomeada como Anjo. Nomes como este apenas fazem você querer se rebelar contra eles.

– Então, Mephistoteles, porque você não cresceu para se tornar o perfeito pequeno anjo? – eu perguntei.

Ele sorriu para mim novamente, então seus olhos se preencheram com um calor que mudaram o sorriso em seus olhos por algo mais primal e me fez tremer um pouco enquanto ele me encarava. – Eu fui para o outro lado, – ele disse, em um voz que quase ronronava. – Eu decidi me tornar o nome.

-Mephistoteles, – eu disse.

-Devil, – ele disse.

O avião balançou novamente, e eu lutei para não cravar minhas unhas nas mãos de nNathaniel, mas apenas no braço da cadeira. – Eu tentei estar do lado dos anjos, mas eu jogo como se estivesse no outro time, – eu disse, minha voz um pouco tensa.

-Você faz todos nós lutarmos pelos anjos, mas você recruta do outro lado, -Nicky disse.

-Você não é um demônio, – eu disse, olhando para o alto em sua direção.

-Eu também não sou um anjo.

-Você gosta de reformar pecadores, Anita, – Fortune disse, se inclinando do lado da cadeira de Pride.

-Você me faz soar como o Exercito da Salvação.

-Eu não sou reformado, – Nicky disse.

-Nem eu, – Dev disse.

– Eu acho que para ser reformado você tem que se arrepender, e nenhum de vocês se arrepende, – eu disse.

Fortune gargalhou. – Vocês com certeza não estão arrependidos.

-Nós estaremos recebendo comida em breve.

-Eu não sei se consigo comer, – eu disse.

-Você tem que comer, Anita. Ajuda a acalmar todas as outras fomes.

-Você tem que comer comida de verdade, Anita. – Nicky disse.

-Se você não comer comida de verdade, você terá de alimentar o ardeur antes de aterrissarmos. – Nathaniel disse.

-Que poderia se espalhar para o piloro. Sim, Jean-Claude me explicou isso, – eu disse. Eu olhou para Fortune. –Então, o que temos para o jantar?

[1] http://sangueaviador.blogspot.com.br/2011/04/o-que-e-um-microburst.html

[2] Animais para chamar

Uma resposta para “#25 CRIMSON DEATH – CAPITULO 33”.

  1. Ah, como amo esse universo da Anita! Obrigada pela tradução!

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